
Igreja Central de Belém
Os planos da Divisão Sul Americana (DSA) para iniciar a obra Adventista na Amazônia brasileira contaram com a diligência do Ministério de Publicações e a parceria do Ministério Jovem. C. B. Haynes (presidente da DSA na época) e F. W. Spies (pres. da União Este Brasileira-UEB) decidiram implantar definitivamente o Adventismo na Amazônia. Já em 1925, alguns colportores haviam chegado até o Maranhão, temos também indícios de publicações Adventistas na Amazônia vindas das missões peruanas, porém ainda não havia nenhum obreiro definitivo para a região. Para dar mais força aos planos da DSA, o Ministério Jovem, até então conhecido como Missionários Voluntários, coletou recursos durante 1925 e 1926 para enviar uma equipe de obreiros ao norte.
Finalmente, em 14 de Janeiro de 1927, durante a reunião anual da UEB, foi votada a formação do campo “Missão Baixo Amazonas” que cobria os estados do Acre, Amazonas, Para, Ceará, e Piauí. João Luis Brown, que atuava como presidente da Missão Mineira foi escolhido para liderar o inicio do trabalho. Brown aceitou o chamado e prontamente convidou os colportores André Gedrath e Hans Mayr para formar a equipe pioneira. Conforme os planos, Belém seria a sede para o trabalho, pois sua localização estratégica dava entrada para a região do rio Amazonas, bem como para os outros estados e países.
Na noite do dia 29 de maio de 1927 os pioneiros desembarcaram no porto de Belém dispostos a enfrentar os desafios do novo campo. Apesar da forte oposição da liderança Católica, a mensagem avançou com um grande esforço da colportagem, que em pouco tempo passou a fazer uso de embarcações próprias para alcançar comunidades ribeirinhas. Assim, conversos Adventistas começaram a surgir, e pequenos grupos começaram a se formar ao longo do eixo Manaus – Belém e também no Maranhão.
Em Janeiro de 1929 com a chegada de Leo Halliwell a Belém no lugar de Brown, deu-se o inicio do avanço do Adventismo associado ao trabalho médico-missionário e assistencial. A era de Halliwell e suas lanchas Luzeiros trouxeram o reconhecimento e a expansão da obra Adventista na Amazônia brasileira. A Missão Baixo Amazonas cresceu e multiplicou-se rapidamente nos 25 anos de liderança de Halliwell. Em 1936 o campo foi dividido com a criação da Missão Costa Norte (Ceará, Piauí e Maranhão), e o mesmo aconteceu em 1940 com a criação da Missão Central Amazonas (Acre, Rondônia, Roraima, e Amazonas).
Até 1955 a equipe administrativa da Missão Baixo Amazonas (Pará e Amapá) também comandava a União Norte Brasileira, que havia sido estabelecida em 1936. Somente em 1956 foi que a União Norte desvinculou-se da Missão Baixo Amazonas. Walter J. Streithorst, da Missão Central Amazonas, assumiu a presidência da União Norte e mudou a sede para rua Padre Eutíquio, enquanto Halliwell ainda permaneceu mais um ano a frente da Missão Baixo Amazonas, situada na rua Arciprestes.
Em 1957 quando Halliwell aposentou-se, Gustavo Storch assumiu a presidência da Missão Baixo Amazonas juntamente com o Secretário-Tesoureiro Claudomiro F. Fonseca. Aos 30 anos de existência, a missão já possuía cerca de 1.000 membros, dois ministros ordenados, um hospital, e cinco lanchas médico-missionárias, além de sete igrejas organizadas, com vários grupos espalhados e escolas na capital e interior . Em 1977, ao completar 50 anos de existência, já eram mais de 11.000 membros e 10 pastores ordenados.
Em 1997 a Missão Baixo Amazonas foi elevada ao status de Associação e apesar de várias divisões territoriais em seu campo, ABA (Associação Baixo Amazonas) continuou crescendo cada vez mais. Em 2002 houve a criação da Missão Sul do Pará, mesmo assim, em 2007, com 80 anos de existência, a ABA possuía cerca de 300 igrejas, com mais de 120.000 membros e mais de 30 ministros ordenados, com diversos grupos em pequenas comunidades, rádio Novo Tempo, colégios, escolas, etc. Em 2009, alguns distritos da ABA passaram a formar a Missão Oeste de Pará, com sede em Santarém. Outras divisões territoriais ainda estão previstas para um futuro bem próximo.
Atualmente, a ABA esta sediada na cidade de Marituba, no Pará, de onde administra as atividades eclesiásticas de uma região que engloba 90 municípios do norte do Pará e do Amapá. A população em seu território aproxima-se a 2 milhões e meio de habitantes e está dividida em 52 distritos pastorais, totalizando 311 igrejas e 244 grupos, somando 41.634 membros. Os dados e a história confirmam que Deus tem abençoado e multiplicado as sementes que foram lançadas em Belém, em maio de 1927.
Texto: Márcio Costa, mestre e doutor em Teologia pela Andrews University, professor de Teologia e História da Igreja na Faculdade Adventista da Amazônia.